A médica ginecologista e obstetra Dra. Janaina Motta nos conta mais sobre a candidíase vaginal, doença que encontra-se sem dúvida entre as principais queixas no consultório ginecológico.
“É uma infecção ocasionada por fungo, a Candida Albicans geralmente, tendo como principal sintoma um corrimento vaginal espesso, grumoso e esbranquiçado, acompanhada geralmente de irritação, ardência ou prurido local.
A candidíase vaginal não é considerada uma doença sexualmente transmissível, pois pode ocorrer mesmo sem o contato sexual, até mesmo em pacientes que não iniciaram sua vida sexual. O fungo está presente na flora vaginal, só que de forma equilibrada sem causar sintomas, quando a flora vaginal está em equilíbrio e num pH adequado. Porém, quando a resistência do organismo e local caem, ou quando ocorre alguma intercorrência que modifique a flora vaginal ou seu pH local, pode ocorrer a multiplicação desordenada do fungo e a manifestação dos sinais e sintomas.
Alguns fatores são facilitadores da proliferação fúngica:
- Antibióticos – alteram a flora vaginal e intestinal pois “matam” inclusive as bactérias da flora normal que mantém o meio em equilíbrio, facilitando a proliferação fúngica;
- Gravidez – há uma queda da imunidade nesse período que já facilitaria a proliferação fúngica, além disso, pela ação estrogênica faz com que aumente os níveis de glicogênio celular que por sua vez baixam o pH vaginal deixando ainda mais ácido propício pra proliferação dos fungos;
- Diabetes – glicemia alta leva a um aumento no armazenamento de glicogênio intracelular, isso diminui o pH vaginal e maior cistólise de células vaginais, com maior degradação do glicogênio local, que seria um facilitador pra proliferação fúngica. Por isso, o excesso de consumo de açúcares, farinha branca está relacionado a candidíase de repetição;
- Outras infecções (por exemplo, pelo vírus HIV);
- Deficiência imunológica;
- Medicamentos como anticoncepcionais e corticoides;
- Relação sexual desprotegida com parceiro contaminado;
- Vestuário inadequado (roupas apertadas e biquínis molhados; lycra e roupa de academia que aumentam a temperatura vaginal);
- Duchas vaginais em excesso (destroem a flora normal e protetora da vagina).
Entre 20% a 25% dos casos de corrimentos genitais de natureza infecciosa têm como causa a Candidíase. Diz-se que 75% das mulheres têm essa infecção pelo menos uma vez na vida.
O tratamento além claro dos antifúngicos tópicos e via oral, podem ir além disso! Principalmente em pacientes que apresentam candidíase de repetição, nessas uma dieta adequada é fundamental!
Você trata a raiz do problema e não a consequência. Você estabelece um equilíbrio da flora vaginal e intestinal evitando a proliferação fúngica.
Na abordagem a pacientes com candidíase, principalmente as que apresentam candidíase de repetição, não podemos nos ater apenas ao tratamento farmacológico. O tratamento deve ser multifatorial, visto que a dieta e a condição emocional da paciente podem interferir no curso dessa patologia.
Como mencionei acima, pacientes que cursam com hiperglicemia e estados de hiperinsulinemia seja por apresentarem diabetes mellitus ou ingesta excessiva de açúcares e carboidratos provenientes de farináceos brancos, levam ao aumento de glicogênio intracelular, que gera uma maior citolise de células vaginais e diminuição do pH local o deixando mais ácido. Esses dois substratos são facilitadores pra proliferaçao fúngica. Portanto uma abordagem na dieta dessas pacientes com restrição de açúcares e carboidratos simples é de fundamental importância. O controle do stress emocional, que gera aumento do cortisol e consequente abalo no sistema imunológico tambem deverá ser considerado.
E não menos importante e um super adjuvante na abordagem terapêutica dessas pacientes está o uso dos lactobacilos.
Lactobacilos, em especial o L.acidophilus, auxiliam no controle do hiperdesenvolvimento de Candida, além de outros benefícios, como no controle da diarreia, na redução do colesterol LDL através da conversão do coprostanol e inibindo sua eliminação, e na manutenção saudável de pessoas com intolerância à lactose.
O Lactobacillus acidophilus é um bastonete gram-positivo, não formador de esporo, homofermentativo de catalase negativa, que é um habitante comum do trato intestinal humano. Esta espécie tem a particularidade de ser pouco tolerante à salinidade do meio, e ser microaerofílico, com o crescimento em meio sólido favorecido por anaerobiose ou pressão reduzida de oxigênio. Através da produção de ácido lático, cria um ambiente desfavorável, para o crescimento de fungos e outras bactérias, potencialmente patogênicas, e favorece uma flora de característica ácida.
Lactobacilos atuam na manutenção da microbiota por meio da ativação do sistema imunológico, competição com outros microorganismos pela adesão ao epitélio, produção de bacteriocinas, ácido láctico e peróxido de hidrogênio. Além do mais, protegem o trato gastrointestinal por auxiliar no controle de patógenos intestinais e supercrescimento bacteriano e reduzir os níveis de enzimas intestinais prejudiciais. Também fortalecem o sistema imune, melhorando as defesas imunológicas naturais.”
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Dra. Janaina Motta
Ginecologista e Obstetra
Consultório (11) 3207-6827
janamottaig@gmail.com
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